Os Antimóveis, desafiando os medos cotidianos no Design Museum de Londres
Pavlov-Andreevich é um artista performático brasileiro nascido na Rússia, que explora a distância entre uma obra de arte e seu público, criando performances, filmes e instalações site-specific, bem como esculturas, ações de guerrilha e obras de longa duração. Entre as sua mais recentes exposições individuais foram no Palais de Tokyo (Paris), na Colnaghi Gallery (Londres) e na 13ª Bienal Sul-Americana (Porto Alegre).
Sua última exposição performática terminou no mês passado no Design Museu de Londres, com a coleção Antimóveis, que explora a compreensão do design de móveis, do cotidiano, conforto e medos, inspirando-se nos movimentos e limitações da anatomia humana, onde o artista substitui o seu corpo pelo do visitante ao convidá-lo a fazer parte da performance, subindo em uma rede, testando uma mesa de balanço, girando e até escalando uma escada.
Segundo Pavlov-Andreevich, “À medida que você habita temporariamente essas esculturas, sentado, escalando, pendurado, balançando e deitando, você é convidado a refletir e confrontar seus medos. Cada escultura representa uma ou mais fobias e, através do desconforto físico e da resistência proposital, somos forçados a enfrentar os nossos medos e desafiados a superá-los ”.
Na obra Bunker Cama, o artista explora a escopofobia (medo de ser olhado ou observado), sociofobia (medo de conhecer alguém novo), carcerofobia (medo de prisão). Onde em um beliche duas pessoas estão unidas pelas circunstâncias: elas podem estar na prisão, em um campo de refugiados ou em qualquer outro lugar onde uma pessoa possa não se encontrar por sua própria vontade. Além de suas conotações carcerárias, os beliches incentivam a conexão profunda que vem do contato visual prolongado entre duas pessoas.
The Centipede uma estrutura em forma de escada que expõe a acrofobia (medo de altura), haphephobia (medo do toque), futurofobia (medo do futuro) e Rock-n-Desk uma cadeira de balanço com buracos escondidos, expondo a agorafobia (medo de espaços abertos) com atiquifobia (medo da incerteza), demofobia (medo de pessoas e multidões) e gelotofobia (medo de ser ridicularizado por outras pessoas). são experiências divertidas, porém desconfortáveis.
Na escultura Lord Of The Fishes o artista se inspirou por dois medos: a antropofobia, o medo de não ser aceito, e a algofobia, o medo da dor física. Um conjunto de duas esculturas semelhantes a cadeiras, expõe dois tipos de desconfortos; o primeiro vem da dolorosa experiência dos refugiados forçados a se espremerem em um barco de migrantes projetado para 50 pessoas, mas que transporta regularmente 500. O segundo tipo é um desconforto mais mundano, mas mentalmente desgastante: aprender a se adaptar a espaços mais apertados, como em aviões, ou mudar-se para um apartamento minúsculo para economizar no aluguel. “ Também somos forçados a buscar essa postura de mansidão, evitando ocupar o espaço dos outros ”, observa o artista.
Ao habitar temporariamente essas esculturas, sentando-se, escalando, balançando-se e deitando-se, você é convidado a refletir e a confrontar seus medos. Cada escultura representa uma ou mais fobias e, através do desconforto físico e da resistência proposital, somos forçados a enfrentar os nossos medos e desafiados a superá-los.
Pavlov-Andreevich se uniu à BoND Architecture , à arquiteta russa Olga Treivas e ao estúdio de fabricação Oficina São João no Brasil para dar vida ao seu conceito.